segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Como fazer carreira em empresas recém-criadas

Um homem só, Giusepe Vadalá, de 37 anos, assumiu em maio a gerência comercial da Senstronic, fabricante francesa de componentes para automação comercial que está chegando ao Brasil. Ele é responsável por prospectar clientes, contratar pessoas e encontrar a sede da empresa. “A cobrança é brutal, mas me sinto recompensado a cada passo que avançamos”, diz. A remuneração vale pena — Giusepe ganha 40% a mais do que em seu trabalho anterior. - Crédito: Raul Junior

Trabalhar em startups, as empresas que estão começando do zero, pode ser uma maneira de acelerar o crescimento na carreira.


Um homem só, Giusepe Vadalá, de 37 anos, assumiu em maio a gerência comercial da Senstronic, fabricante francesa de componentes para automação comercial que está chegando ao Brasil. Ele é responsável por prospectar clientes, contratar pessoas e encontrar a sede da empresa. "A cobrança é brutal, mas me sinto recompensado a cada passo que avançamos", diz. A remuneração vale pena : Giusepe ganha 40% a mais do que em seu trabalho anterior.

Se nos próximos meses você receber uma proposta de trabalho de uma empresa desconhecida (e que muitas vezes nem sequer tem um escritório ainda), não descarte imediatamente. Pode ser uma boa oportunidade para sua carreira, principalmente se o convite vier de uma companhia estrangeira. Por estar reagindo bem à crise, o Brasil virou xodó do mercado mundial. “O país atrai companhias saudáveis de países ricos, que buscam mercados em que possam manter sua expansão”, diz Roberto Picino, gerente regional da consultoria Michael Page, de São Paulo. No ano passado, 45,1 bilhões de dólares foram investidos aqui — 30% a mais que em 2007, segundo relatório da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento.

O mesmo relatório mostra que o país é o quarto mercado mais atraente para investimentos estrangeiros. Para quem aceita o desafi o, as vantagens de um novo negócio são remuneração mais agressiva, visibilidade e aumento da empregabilidade. “Um profi ssional em uma operação startup [como os consultores denominam empresas em início de atividade] pode ganhar de três a cinco anos na carreira e fi car no topo da lista dos headhunters”, diz Francisco Moura, consultor de transformações corporativas da Hewitt, de São Paulo. O maior risco é embarcar numa furada e ver o negócio fechar rapidamente, caso os resultados não apareçam.

Mas o que você deve avaliar antes de aceitar um convite para trabalhar em uma empresa recém- criada? Em geral, as competências requeridas são: gosto pelo risco, resiliência para tolerar a pressão do chefe e dos investidores, espírito empreendedor e determinação. Para compensar o alto risco, a remuneração pode ser boa. “Não é regra, mas o valor varia de 20% a 30% a mais”, diz Francisco, da Hewitt. Participar do lançamento de uma empresa exige que o profi ssional desbrave novos mercados e conheça pessoas diferentes.

Essas experiên cias intensifi cam o desenvolvimento de competências como jogo de cintura, poder de persuasão e execução e habilidade para lidar com grandes problemas e situações complexas. Em boa parte dos casos há liberdade para inovar. O engenheiro Norbertino Morais, de 50 anos, por exemplo, está participando do lançamento de uma usina de energia renovável no interior da Bahia, a Sykue Bioenergia, que deve iniciar suas operações até o fi m deste ano. Como diretor de operações e engenharia, Norbertino participa não só de decisões do negócio, como também trabalha na construção de uma cidade para os funcionários da usina. “A realização de um projeto tão grande faz tudo valer a pena”, diz. A dica é buscar extrair aprendizado dessas experiências. “O profi ssional sai daquela ótica departamental para criar uma visão de negócio”, diz Francisco, da Hewitt.

Uma das maiores difi culdades de quem trabalha em empresas em início de operação é a falta do sobrenome corporativo, que difi culta, por exemplo, o acesso às pessoas de outras corporações. Ao dizer que trabalha na CPFL, companhia de energia de São Paulo, o profi ssional tem mais portas abertas do que provavelmente teria, num primeiro momento, um empregado da Sykue Bioenergia. A saída é caprichar no discurso para fazer negócios e trazer resultados. “Em uma empresa desconhecida é ainda mais importante saber mostrar a relevância do negócio, porque é o que as pessoas vão comprar”, diz Cristina Nogueira, diretora da consultoria Axialent, de São Paulo. Liste os pontos fortes e diferenciais do seu negócio e antecipe possíveis questionamentos.

Use isso para montar seu discurso antes de sair em busca de parceiros. E como avaliar se a nova empresa vai bem? “Uma startup de sucesso cresce ao menos 40% ao ano”, diz Cristina. Por último, lembre-se: motivação para encantar clientes e fornecedores é tudo. Afi - nal, muitas vezes a empresa pode estar representada apenas pela sua pessoa.

fonte: Você S.A.

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